Guilherme Purvin
Em setembro de 2021, o UOL publicou um artigo intitulado “Eco-Ansiedade: como lidar com o medo das mudanças climáticas no futuro”, onde é dito que recentemente a ONU teria divulgado um documento de 3500 páginas alertando para a gravidade das mudanças climáticas. A ansiedade provocada por esse tipo de informação foi definida pela Associação Americana de Psicologia como um medo crônico da desgraça ambiental. Trata-se de um sentimento forte que surge quando a pessoa ler notícias sobre desastres ambientais ou presencia uma consequência do aquecimento global na sua própria cidade e país. Como será o futuro no planeta? E como falar sobre o assunto com os filhos sem negacionismo, para que esse sentimento possa ser usado como um motor de mudança para o futuro?
Algumas semanas antes, a convite do Instituto dos Advogados de São Paulo, eu participei de uma mesa sobre temas atuais de direito ambiental ao lado do coordenador do evento, professor Afonso Grisi Neto, e da doutora Priscila Santos Artigas, presidente da comissão de estudos de meio ambiente do IASP e advogada do Escritório Milaré Advogados, Consultoria e Meio Ambiente. Já ao final do encontro, a doutora Priscila discorreu sobre uma questão de extrema relevância. Tratava-se de uma queixa de pais sobre determinados critérios utilizados nas escolas para que as crianças compreendam o que se passa no planeta Terra. No caso, a filha dela estava abalada com as imagens de rinocerontes mortos na África, que haviam sido exibidas por sua professora. A Dra. Priscila expôs seu ponto de vista de que atitudes como esta que conduzem a criança a um estado de ansiedade e não contribuem para a educação ambiental. Depois de citar a ativista climática Greta Thunberg, propôs que todos adotassem medidas individuais para melhorar o nosso “micro ambiente”.
Como o evento já estava se encerrando, o tema não pode ser desenvolvido com mais alento. Assim, no Episódio n. 19 de Narrativas do Antropoceno, eu busquei resgatar aquele debate interrompido, que diz respeito essencialmente aos meios de que dispomos para lutar pela sobrevida do planeta e pela mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
De um lado temos esse dado novo, um movimento mundial de jovens que exigem novos paradigmas na adoção de políticas econômicas para se fazer cessar o processo de destruição do conjunto de condições opções que permitem a vida no planeta.
Numa posição intermediária, pessoas que acreditam na possibilidade de adoção de instrumentos jurídicos e políticos destinados a mitigar o efeito estufa e que acreditam na iniciativa individual como principal forma de se proteger o meio ambiente. Este grupo, preocupado com a saúde mental das crianças e adolescentes, aponta o comportamento de Greta Thunberg como um sintoma claro de eco ansiedade.
No extremo oposto, negacionistas buscam aviltar a figura de Greta, ora afirmando que ela não passaria de uma atriz de péssima qualidade a serviço do comunismo, ora que seria uma “pirralha” ou ainda uma pessoa com graves distúrbios psíquicos.
É sobre esse tema que o Episódio #19 de nosso podcast trata: Greta Thunberg, educação ambiental em nosso microcosmo como forma de se evitar catástrofes climáticas e o discurso de ódio da extrema direita, que substituiu seus antigos inimigos, os hoje combalido os movimentos sindical e estudantil, pela militância ambiental e climática.
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